terça-feira, 28 de dezembro de 2010

(44) Ela...

"Sentia-se um homem cheio de manias infantis...gostava de tudo do seu jeito e fechava a cara quando as coisas não aconteciam como queria. Procurava entender o porquê dos acontecimentos... e tentava aprender as lições que a vida colocava na sua frente... Não gostava de admitir que falhara, mas assumia os seus erros com nobreza. Fora sempre assim...
- É estranho...é surpreendente. Ela pode estar a sorrir de tudo, e de repente... estar sisuda por nada - tentava reflectir, enquanto se recostava nas almofadas da cama quente e bebia mais um chá de limão com mel que lhe amaciasse a garganta.
Não queria tentar adivinhar as suas acções ou as suas reacções...Não costumava insistir naquilo que percebia não valer a pena. Amava, amava incondicionalmente...Não odiava, não guardava mágoas, não pensaria nunca em moldá-la, embora já muitas vezes o tivesse tentado, com total fracasso...Gostava de deitar-se, fechar os olhos e fugir do tempo.
- É daquelas que pensa, repensa, e pensa mais uma vez antes de agir - absorto nesta ideia, sentia um aperto no estômago, só de pensar no que ela seria capaz de ponderadamente fazer. Rebuscou no meio dos seus papeis uma folha branca...queria escrever...adorava escrever o que sentia, o que pensava...e iniciou:
- Normalmente é uma companheira animada, agradável e alegre. Tirando as suas fases azedas com o seu cinismo e língua afiada, o seu outro lado é romântico e aventureiro...uma grande mulher - sentia que ao escrever isto, estaria a dar ouvidos á emoção...
A verdade é que no fundo, sabia que para ela, não bastava ouvir palavras carinhosas e juras de amor. Apesar de muitas vezes parecer fria e distante, ele sabia que ela desejava ser amada e mimada. Jamais ficaria em silêncio, se tivesse que falar.
- Com alguns defeitos e inumeras qualidades que a definem, não serão as palavras que a irão descrever... - pensava ele, enquanto amarrotava o papel. Sabia que o segredo estava em não tentar adivinhar, mas sim tentar desvendar..."