quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

(45) A Carta...

A carta já ia longa. As palavras sucediam-se a um ritmo alucinante. Queria parar, mas não conseguia. Para ele, muito mais havia a dizer para que ela entendesse como estava a ser doloroso. E finalizou :
"-Continuarei, não sei por quanto tempo, a alimentar o sonho de construir um novo barco da nossa vida... este, mais resistente, mais impenetrável, maior... tão grande, que nele possamos levar os nossos filhos, a quem ensinaremos todos os segredos desta vida a bordo, neste mundo cheio de tormentas, de partidas e de chegadas e onde o amor que tudo vence, às vezes sucumbe por ser mal  alimentado... desrespeitado...iludido...
Ensiná-los-emos a estarem atentos, um dia de sol não quer dizer que o mar é menos perigoso... nem sempre os ventos permanecem estáveis... e a aragem às vezes inofensiva transforma-se rapidamente. em tormentas.
Neste porto seguro, neste barco blindado... estarás lá tu...sorridente, como “capitão” do barco da nossa vida, enfrentando com um largo e tranquilo sorriso, as novas ameaças que possam surgir, agora com muito mais confiança, porque o “pirata” que a teu lado estará traçando o rumo, cresceu, fez-se mais homem e aprendeu a lição.
Do homem mais triste do mundo... que já foi o mais feliz do planeta...e aconteça o que acontecer, quer que sejas eternamente feliz... estarei sempre do teu lado, sem nunca abandonar o barco... nem que seja pendurado lá trás, junto ao leme, até que nem um só bocado de mim exista.
O maior beijo..."