quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

(46) Distância I...

“Estava frio. O sol de frente, aquecia um pouco as mãos enregeladas. Tentava a todo o custo, manter os seus sonhos numa distância segura da ilusão, tentando ser prático e realista e ao mesmo tempo visionário, mas acima dessas coisas esforçava-se para continuar a acreditar no ser humano.
As palavras mudas, diziam-lhe coisas por entre os seus lábios…adivinham a sua respiração próxima ao seu rosto e o cheiro dos seus cabelos quando amanhecia o dia. Por entre os dedos das suas mãos, fugiam os seus rumos, entre palavras não ditas, que se perderam umas nas outras e do gosto que suspeitava ter outrora a sua boca.
O amor supera a distância e não se curva ao tempo…e a distância não afasta e sim aproxima.
Envolto nestes confusos pensamentos, caminhava alheio ao bulício da cidade. Sentia vontade de ver o brilho nos olhos, o sorriso dos lábios e de conhecer os pensamentos. Queria saber se a distância não significaria esquecimento, mas sim e apenas um até breve, até qualquer momento.
Mas naquele dia, a sua monotonia chegara ao extremo e por consequência disso, ele ficara no mais solitário canto da sua vida, lutando com o “seu eu” e desfrutando de uma das maiores angústias…essa dúvida que o dominava por inteiro, tornando-o “escravo” e deixando-o sem atitude, sem a mínima noção do que fazer, pela sua falta de convicção…
Olhou uma montra, aconchegou o blusão e penetrou no emaranhado de corpos que circulavam. “