“Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram.”
(Machado de Assis)
"Sempre pensara assim, mas muito mais intensamente no dia em que viu aqueles olhos que sorriam, enquanto na face mantinha uma postura profissional e de rara competência. E naquele olhar, podiam ver-se inevitavelmente derrotas temporárias, de formas diferentes, nas ocasiões mais diversas. E em cada adversidade trazia consigo a semente de um benefício equivalente. Ainda não encontrara ninguém bem-sucedido na vida que não houvesse antes sofrido derrotas temporárias. Sempre que uma pessoa supera os reveses, torna-se mental e espiritualmente mais forte... É assim que aprendemos o que devemos à grande lição da adversidade. Mas aqueles olhos eram diferentes…não, ele achava que não eram os olhos, mas sim o olhar sincero, honesto, com um brilho de luta inigualável. E o sorriso lá estava…mesmo que os lábios apenas cumprissem o dever profissional de pronunciar palavras simpáticas com um tom sublime de quem sabe as palavras de cor para atender todos, com a mesma simpatia cativante, mas profissional.
E ele absorto, contemplava este cenário com os olhos de quem avalia atitudes, comportamentos, gestos, sinais eloquentes de uma verdadeira profissional. E cada vez que ela levantava a cortina dos seus olhos, era como se contemplasse a maravilha do amanhecer, porque o sorriso estava lá e era verdadeiro…
A vida é a soma das nossas escolhas. E a maioria delas não é feita por nós. Aqueles olhos não escolheram sorrir, apenas sorriam com aquele brilho cristalino, porque o coração escolhera ser benevolente e autêntico nas suas atitudes. E por momentos ele percebeu como é único conseguir sorrir com os problemas, reunir forças na angústia, e ganhar coragem na reflexão.
Ela sorria... Mas não se escondia atrás desse sorriso...Mostrava o que era, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o sorriso...
Ele precisava dizer-lhe:
- “Mantenha esse sorriso.”