sábado, 23 de outubro de 2010

(41) Entardecer...

“Entardecia…
Calmo, insuportável e monótono entardecer, onde a mística secreta guardada pelas nuvens que cobriam o céu, faziam-no viajar através de pensamentos que ele mesmo, não conseguia de todo compreender. O tempo passava como a brisa e desaparecia com o entardecer.
- Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros, mas ser transparente é muito mais do que isso...É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar dos nossos sentimentos! Não achas? – Inquiriu ele, tentando que ela anuísse ao seu raciocínio sonolento.
- Muitos de nós, preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nossos seres, mas se agíssemos com o coração, poderíamos evitar muita dor. Não somos só razão, mas também coração – respondeu ela em tom sereno e convicto.
O alaranjado entardecer trazia a nostalgia, como se a vida também desaparecesse com o sol no final daquele dia. Ele, sentia vontade de sugerir que deixassem explodir toda a doçura e em silêncio, pensava como o tempo parecia brincar entre acasos e ocasos.
- Já pensaste – interrompeu ela os seus pensamentos – porque será que prendemos o choro, contemos as gargalhadas, escondemos os nossos medos?
Ele, permaneceu imperturbável, perscrutando o horizonte. Queria dizer-lhe que a razão era “porque pensamos que somos invencíveis”. Mas permaneceu silencioso. Preferiu ser mais positivo:
- Porque apenas queremos docemente viver, sentir e amar…e se for chorar, que seja de FELICIDADE! Quem te merece não te faz chorar… - concluiu.
Por momentos, as ondas serenaram. O sol já se escondera e uma aragem fria, fê-los aconchegarem-se. O café em cima da mesa da esplanada, já estava frio…

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