sexta-feira, 19 de novembro de 2010

(43) Vontade...

“Naquela tarde, sentia uma indomável vontade de ir para algum lugar tranquilo e ficar por lá com a companhia de um livro. Qualquer que fosse. Mesmo que o pretexto fosse apenas fugir da sua própria cabeça. Sentia vontade de acordar numa manhã agradável, sentir o calor e a beleza de um raio de sol e vislumbrar esperança através de um ameaçador céu cinzento. Uma vontade inquietante de subir numa árvore bem alta e por lá ficar com os seus sonhos, bem mais altos que aquela árvore, enquanto ficava á espera de um pouco mais da vida.
- Mas a vida não é tão bondosa assim - pensou.
De facto não. Ela requer que lutemos, rastejemos por ela e imploremos felicidade. Mesmo assim, ele queria deixar a vida um pouco de lado. Manteria as suas vontades e teceria a sua própria felicidade.
Insistentemente esticou as pernas, bocejou, olhou os desenhos que as nuvens desenhavam sem querer e sorriu por não ter que pagar nada por isso. Sentiu a falta de uma mão amiga para segurar, um ombro para servir de apoio e ainda que não tivesse nada disso no momento, sabia que não tardaria a sentir essa protecção e liberdade. Mesmo sabendo que ninguém é de todo livre, nem de todo protegido. Mesmo sabendo que por mais que tivesse, necessitaria sempre de mais liberdade e protecção. Mesmo livre naquele momento, queria sentir por perto a presença dela...para olhar por si. Mesmo protegido, queria sentir o seu gosto, o seu cheiro...a despertarem os seus sentidos.”

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