quarta-feira, 30 de junho de 2010

(30) É a vida...

"Senta-te aí ! Deixa-me tirar os sapatos, desmanchar o nó da gravata... quero mostrar-te o meu dia.
Sabes, não quero mais usar essa máscara de homem forte com punhos de aço... No íntimo, sinto-me uma pequena ave indefesa, leve demais para enfrentar o vento, e, deseja ficar no aconchego do ninho e ser mimado até adormecer.
Deixa-me tirar o casaco, tirar o cansaço... essa jornada deixa-me tão carente...
Quero dividir os sentimentos, os sonhos, as ilusões...algum segredo...
Ah, eu tenho andado por aí !... Quantas vezes me inventei e até me convenci da minha identidade. Administrei a minha liberdade. Apanhei aviões, bebi whisky...
Mas não previ que na linha da minha vida estivesse marcada uma paixão inesperada.
Agora, cá estou eu, quarenta e alguns anos e todo atrapalhado...
Queria mesmo era falar de todos os meus medos.
- "Dos teus medos?" - dirias tu, como se eu nunca tivesse temido nada.
Queria falar-te das minhas marcas de infância, dos animais que tive, do meu primeiro dia de aulas... queria falar dessas coisas mais elementares, e levar-te na casa dos meus pais, mostrar-te o meu álbum de fotografias... ah, queria mostrar-te a minha primeira bicicleta, que nunca tive. Queria mostrar-te as árvores onde trepei (como elas cresceram!) e todas essas coisas que são tão importantes pra mim e tão insignificantes aos outros.
- Ah... querias falar alguma coisa? Está bem! Antes, só mais uma coisinha:
- Estou a morrer de medo que saias desta cena antes de mim...que saias à francesa desta história, e eu tenha que recolocar a minha máscara e me reinventar, outra vez. É a vida..."

quinta-feira, 17 de junho de 2010

(29) Tempo...

É tempo,
De dar-se tempo

Á felicidade que quer voltar.

Partilha sem pudores

O que no teu peito está guardado...

E se for possível, estende a mão...

No meio da bruma silenciosa

De uma manhã de orvalho,

Haverá certamente, uma outra mão...

Ávida de sentir-te...

E iniciar a viagem.

Ouvindo-te...

Sentindo-te...

A pele...

O respirar...

O pulsar...

O brilho nos olhos...

O canto no sorriso...

E um beijo com sabor a chuva.

Deixa-me encontrar a tua mão...

Prometo que apenas me sentirás,

A respiração ofegante...da caminhada.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

(28) Surpresa boa...

É tão bom ser surpreendido...
Com o inimaginável, por uma pessoa imprevisível…
E do nada, acontece tudo.
E mudo os meus conceitos,
A minha rotina, a minha vida,
Porque até aqui, nada foi certo…
Sei que não posso mudar o meu passado
E que o meu futuro é uma caixa fechada,
Que estou a abrir devagarinho todos os dias.
Mas que hoje...exactamente hoje,
Apetecia-me escancará-la,
Porque aprendi…
Que tudo isso pode ser mudado.
Jurei que não choraria de novo…
Enganei-me!
Chorei de novo sim…
E vou chorar quantas vezes sentir vontade,
Porque o meu choro é verdadeiro.
Não sei fingir, não sei enganar, não sei mentir…
Não sei dizer coisas só pra agradar…
Uns, seguem em frente
Com a certeza daquilo que estão a fazer.
Outros, deixam essa decisão ao acaso…
Eu, não vou deixar…
Porque em cada minuto,
Cada momento toma um rumo diferente,
Por um simples acto de alguém…
Que nos surpreende...
Surpresa boa não é a que não esperamos
Surpresa boa é a que não esquecemos…nunca!
Não vou esquecer…

sexta-feira, 11 de junho de 2010

(27) Ontem, pedi-te que não fosses...

Ontem, foi tão tarde...
Um tempo adiado, na procura do tempo ideal.
Um tempo de sal...e maresia,
Uma noite de sol e umas mãos coladas na pele.
Ontem, devia ser novamente hoje...
Com beijos de sal e abraços de calor,
Que pedi e que tive.
Hoje, vivo no passado,
E volto como as gaivotas,
No silêncio da pele que se toca...húmida,
E nos murmúrios abafados
Da noite com aromas de paixão.
Ontem, já foi tão tarde...mas foi...
Pedi-te que não fosses
Queria que viesses...
Num beijo que escorre pelo canto da boca
E uma mão que segura e aperta a vontade
De ter mais...e tu voltas.
Em cada palavra não dita,
Esconde-se a vontade de ser feliz.
E em cada gemido sufocado,
Sei que estiveste lá...ontem...do meu lado,
E pedi-te que não fosses...
E voltaste sempre, até ao fim...

domingo, 6 de junho de 2010

(26) Deixei-me levar...

Deixei-me levar, entregando-me a uma emoção.

Um sentimento novo,

Algo que achei não existisse mais.

Entreguei os meus trunfos e deixei-me levar...

Tenho medo, mas não quero parar…

Apesar das noites mal dormidas,

São momentos intensos,

São momentos de ternura,

São momentos de encantamento...

É difícil, difícil expressar em palavras escritas

O que o sentimento quer dizer.

A ansiedade...

A tensão e o receio da não reciprocidade…

E a compensação da possível correspondência.

Valem a pena, todos os riscos..

Não quero nunca pressionar…

Quero libertar-me e libertar-te.

Ser feliz e que o sejas também...
Deixar-me levar…

E levar-te também.

(25) Opostos...

Se eu fosse o dia, serias a noite;
Se fosse o sol, serias a lua;
Se fosse o mar serias a terra;
Se fosse doce serias amargo;
Se fosse rugoso, serias macio;
Se fosse tristeza, serias alegria;
Se fosse o branco, serias o preto;
Se fosse diabo, serias um anjo.
E se somos o oposto,
Qual poderá ser o nosso objectivo
Senão completarmo-nos?